terça-feira, 29 de setembro de 2015

Aplicativo aproxima vizinhos e aumenta sensação de segurança no Burle Marx

Troca de mensagens virtuais já rendeu a prisão de assaltante e gerou novos negócios entre moradores do bairro na zona sul de Londrina.

Eles já são os substitutos da TV para toda uma geração e são tratados como verdadeiros vilões por especialistas, que enxergam nos smartphones a causa de problemas de coluna e pescoço e também de falta de sociabilidade entre crianças e jovens. Mas para os moradores do Jardim Burle Marx, na zona sul de Londrina, os aparelhos são sinônimo de segurança e até mesmo de um convívio mais próximo entre os vizinhos.
A fotógrafa Daniela Soriani Fernandes faz parte dos grupos organizados pela Associação de Moradores do Burle Marx em um aplicativo de redes sociais. E foi justamente por meio desses grupos que ela ficou sabendo que sua casa tinha sido arrombada por assaltantes. Os bandidos, que já haviam frequentado o bairro semanas antes, foram reconhecidos por um vizinho, que lançou o alerta para a polícia.
“A gente tinha imagens de câmeras de segurança que conseguiram filmar a placa do carro e o rosto do assaltante. Um dos vizinhos, que tinha visto essas imagens no celular, ligou para o 190 na hora. Por sorte tinha uma viatura do Choque na Avenida Inglaterra, que acabou indo atrás do carro dos bandidos e fez a abordagem perto da Prefeitura. Tudo o que tinha sido levado da minha casa foi recuperado”, conta.
A iniciativa de criar os grupos surgiu da necessidade de melhorar a comunicação entre os vizinhos. Os meios antigos, telefone e e-mail, já não eram rápidos o suficiente, e a opção por um grupo de troca de mensagens rápidas parecia ser a forma mais eficaz de os moradores entrarem em contato uns com os outros.
“O sistema tem algumas limitações, e só pode haver 100 pessoas por grupo. Por isso, fizemos dois grupos de segurança, só para mensagens de emergência. Metade é da parte de cima, metade é da parte de baixo do bairro. Serve para assalto, movimentação de pessoas estranhas, e também para cachorrinhos que fogem, portões e janelas esquecidas abertas”, afirma a vice-presidente da associação de moradores, Sueli Silva Costa Almudi.
Mas além de trocar informações de segurança, os moradores também acabaram criando novos grupos de cunho mais social. É muito mais do que um “bom dia” entre os vizinhos de rua: no aplicativo, cada um pôde se apresentar e fazer propaganda do próprio trabalho. Foi aí que todos souberam que o gerente de uma pizzaria instalada no bairro também estava no grupo. E o gerente descobriu um horticultor, que produz tomates orgânicos, também morador do Burle Marx.
“Começamos a conversar e fechamos negócio. Com isso, passamos a gastar menos, porque a compra é feita sem intermediários, direto do produtor. Pagando menos, foi possível oferecer descontos e promoções para os moradores aqui do bairro”, detalha Henrique Vieira, gerente da pizzaria.

Virtual, mas real
O aumento do uso de smartphones e a imersão no mundo virtual podem tornar mais distante o relacionamento entre as pessoas. É a palavra de especialistas, mas não é o que aconteceu entre os moradores do Burle Marx. Para Sueli, vice-presidente da associação de moradores do bairro, os grupos acabaram tornando todos mais próximos.
“Você levanta, sai na rua e conhece quem está lá. A pessoa que me dá um bom dia no grupo está ali, olhando por mim quando eu não estou em casa. Era todo mundo muito longe um do outro, e depois dessa iniciativa estamos muito mais próximos”, avalia.
A fotógrafa Daniela Fernandes compartilha da mesma opinião de Sueli. “Hoje em dia é raro encontrar um pessoal que mora em prédio e conhece bem os vizinhos do mesmo andar. Que dirá em um bairro, com várias casas por rua. Sou do tempo em que a gente conversava com as outras pessoas. Esse contato começa no virtual, mas acaba sendo bastante real”.
fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br/londrina/conteudo.phtml?tl=1&id=1545764&tit=Aplicativo-aproxima-vizinhos-e-aumenta-sensacao-de-seguranca-no-Burle-Marx

 

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