Troca de mensagens virtuais já rendeu a prisão de
assaltante e gerou novos negócios entre moradores do bairro na zona sul
de Londrina.
A fotógrafa Daniela Soriani Fernandes faz parte dos grupos
organizados pela Associação de Moradores do Burle Marx em um aplicativo
de redes sociais. E foi justamente por meio desses grupos que ela ficou
sabendo que sua casa tinha sido arrombada por assaltantes. Os bandidos,
que já haviam frequentado o bairro semanas antes, foram reconhecidos por
um vizinho, que lançou o alerta para a polícia.
“A gente tinha imagens de câmeras de segurança que conseguiram
filmar a placa do carro e o rosto do assaltante. Um dos vizinhos, que
tinha visto essas imagens no celular, ligou para o 190 na hora. Por
sorte tinha uma viatura do Choque na Avenida Inglaterra, que acabou indo
atrás do carro dos bandidos e fez a abordagem perto da Prefeitura. Tudo
o que tinha sido levado da minha casa foi recuperado”, conta.
A iniciativa de criar os grupos surgiu da necessidade de melhorar a
comunicação entre os vizinhos. Os meios antigos, telefone e e-mail, já
não eram rápidos o suficiente, e a opção por um grupo de troca de
mensagens rápidas parecia ser a forma mais eficaz de os moradores
entrarem em contato uns com os outros.
“O sistema tem algumas limitações, e só pode haver 100 pessoas por
grupo. Por isso, fizemos dois grupos de segurança, só para mensagens de
emergência. Metade é da parte de cima, metade é da parte de baixo do
bairro. Serve para assalto, movimentação de pessoas estranhas, e também
para cachorrinhos que fogem, portões e janelas esquecidas abertas”,
afirma a vice-presidente da associação de moradores, Sueli Silva Costa
Almudi.
Mas além de trocar informações de segurança, os moradores também
acabaram criando novos grupos de cunho mais social. É muito mais do que
um “bom dia” entre os vizinhos de rua: no aplicativo, cada um pôde se
apresentar e fazer propaganda do próprio trabalho. Foi aí que todos
souberam que o gerente de uma pizzaria instalada no bairro também estava
no grupo. E o gerente descobriu um horticultor, que produz tomates
orgânicos, também morador do Burle Marx.
“Começamos a conversar e fechamos negócio. Com isso, passamos a
gastar menos, porque a compra é feita sem intermediários, direto do
produtor. Pagando menos, foi possível oferecer descontos e promoções
para os moradores aqui do bairro”, detalha Henrique Vieira, gerente da
pizzaria.
Virtual, mas real
O aumento do uso de smartphones e a imersão no mundo virtual podem tornar mais distante o relacionamento entre as pessoas.
É a palavra de especialistas,
mas não é o que aconteceu entre os moradores do Burle Marx. Para Sueli,
vice-presidente da associação de moradores do bairro, os grupos
acabaram tornando todos mais próximos.
“Você levanta, sai na rua e conhece quem está lá. A pessoa que me
dá um bom dia no grupo está ali, olhando por mim quando eu não estou em
casa. Era todo mundo muito longe um do outro, e depois dessa iniciativa
estamos muito mais próximos”, avalia.
A fotógrafa Daniela Fernandes compartilha da mesma opinião de
Sueli. “Hoje em dia é raro encontrar um pessoal que mora em prédio e
conhece bem os vizinhos do mesmo andar. Que dirá em um bairro, com
várias casas por rua. Sou do tempo em que a gente conversava com as
outras pessoas. Esse contato começa no virtual, mas acaba sendo bastante
real”.
fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br/londrina/conteudo.phtml?tl=1&id=1545764&tit=Aplicativo-aproxima-vizinhos-e-aumenta-sensacao-de-seguranca-no-Burle-Marx